Entre a idealização e a realização, há sempre um descompasso, tendo em conta que forças entrópicas produzem desvios na materialização do pensamento racional. Os trabalhos de Aline Moreno, Marc do Nascimento e Rodrigo Arruda se estruturam sobre um terreno da consciência de tais desvios. São compostos por materiais normalmente utilizados na construção civil ou em esculturas convencionais, que sofrem um desvio de função, resultando em paredes que não sustentam, cimentos que não estruturam, argilas que não dão volume, vidros onde não há nada para se ver através. A matéria em parte obedece às vontades humanas, mas também expressa vontades próprias, englobando a ruína como parte de seu processo constitutivo e carregando em si a sublimação de gestos violentos.

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Texturas, topografias e desgastes encontram seu campo expressivo numa equação nebulosa entre intencionalidade e acaso, provocando embates e dando evidência àquilo que foge à apreensão do pensamento geométrico cartesiano. A tentativa de racionalização e controle sobre o espaço e a matéria é necessariamente arbitrária e leva, inevitavelmente, a desvios.

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Marina Frúgoli

Curadora